segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Para A insônia, basta um "releitura"!

Na busca da cura à minha insônia também me fora sugerido ler ou até mesmo reler um livro.

Com isso decidi que reler um bom livro e absorver todos os elementos não percebidos na primeira leitura seria muito mais proveitoso como solução para minha insônia do que ter em mãos um livro novo cujo conteúdo seria para mim desconhecido. E, com isso em mente, pus-me a pensar.


Que livro reler?

Existiam tantos livros na estante, uns mais juvenis, outros de conteúdo mais denso, mais maduros. Uns tão curtos quanto o prazer de uma noite com quem não se ama. Outros medianos como a duração de uma amizade colorida. E ainda existiam alguns poucos tão longos quanto as trilogias mais vendidas.

Resolvi deixar as duas primeiras categorias de lado, afinal minha alma buscava algo profundo, não deveria escolher qualquer livro para me acompanhar nas noites de insônia. Deveria ser um livro especial, que conseguisse prender minha atenção. Que ao descobrir os mistérios nele inseridos, me fosse permitido entender um pouco mais de mim. O livro tinha que ser parecido comigo, tinha que falar de coisas que gosto e apresentar caminhos ainda não percebidos por mim. Tinha que ser denso, ter conteúdo. Tinha que falar de princípios; de ética. Tinha que possuir uma mocinha e um vilão com potencial para se transformar em um príncipe de cavalo branco. Tinha que possuir lágrimas, afinal a vida não é um conglomerado de dias feliz. Tinha que possui doçura e romantismo pra balancear minha praticidade. Enfim, deveria ser um livro que possuísse o dom de chegar a um local restrito em mim, onde haviam guardas de prontidão e muros altos protegendo, o lugar, que há algum tempo apenas acumulava pó e teias de aranha.

Olhei fixamente à parte da estante onde estavam a terceira categoria de livros. Vi uns que eu lera e que eram muito bons, mas que não tinham alcançado o objetivo. E olhei um em especial, o único da estante que não estava coberto de pó. Era o livro que há três semanas eu terminara de ler, o último que eu lera.

Percebi o quanto não tinha compreendido aquele livro, e embora ele trouxesse tudo aquilo que eu queria e necessitava, eu não me dediquei em sua leitura, li superficialmente, não entrei em suas metáforas, analogias ou parábolas, não penetrei seus mistérios de alma pura. Em suma, não fui o leitor que aquele livro merecia. Estava em débito com aquele livro. E ao mesmo tempo em que me sentia em débito com o livro, sentia que ele era o único capaz de chegar naquele local de guardas, muros e teias de aranha.

Peguei-o na estante disposto a rele-lo, todavia ele não quis abrir. Esquecera que àquele, era um livro raro, com vontade própria e sentimentos magoados. Então eu deveria fazer muito mais do que demonstrar ao livro que desejava reler suas páginas. Afinal de contas era natural que ele não quisesse aquele mesmo leitor displicente de um outrora recente. Tive que demonstrar que meus objetivos eram outros, que minhas disposições eram diferentes das que ele conheceu e depois de um longo diálogo,me fora permitido, pelo livro, que eu fosse leitor, apenas de suas primeiras páginas.

“Mas e o resto do livro?”, você deve estar se perguntando.

O restante do livro será fruto de novas conquistas.